domingo, 12 de dezembro de 2010

A saída

Sentado às margens do rio, olhando o horizonte, ele pensava em sua vida, em sua trajetória. Como chegara até ali? Valores perdidos, amizades desfeitas, solidão. Estava cercado sim, mas de pessoas que nada significavam. Pessoas que apenas desejavam o bajular para obter vantagens e para quem muito provavelmente ele também nada significava. Mas fora ele quem optara por esse caminho. Fora ele quem decidira pela ganância. Não poderia culpar mais ninguém. Somente ele dera os passos que o conduziram àquele ponto. Ele abdicara de valores morais, abandonara qualquer escrúpulo, com vistas a alcançar o que julgava mais desejar: sucesso e riqueza sem fim. Agora percebia que sucesso e riqueza talvez não fossem o que ele outrora pensara. Havia custado seus amores, sua família, seus amigos. Sentia que as pessoas lhe respeitavam não porque verdadeiramente merecesse, mas somente porque ele tinha o poder. Sentia-se feio e sujo, como jamais imaginara. Precisava pôr fim àquele sofrimento que lhe corrompia uma alma que sequer sabia ter. Abriu a maleta que repousava a seu lado. Estava escurecendo e tudo silenciava ao seu redor. Somente se ouviu o forte estampido. E o rubro de seu sangue coloriu o horizonte.

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