domingo, 18 de abril de 2010

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Já era tarde. Seus passos ecoavam no silêncio escuro da noite vazia. Não havia ninguém na rua. Só se ouvia um leve ruído de folhas tocadas pela brisa fria. Onde ela estaria? Não reconhecia nada. Nem fachada, nem esquina. Como fora parar ali? Decerto, estava perdida. E onde estivera antes? Talvez tivesse bebido. Mas não, não sentia gosto de álcool em sua boca. Amarga era sua saliva. As pernas lhe doíam. Estava assustada. Com passos trôpegos, avançava calçadas. Poderia gritar, pensou. Talvez alguém a acudisse. Ao longe, avistou um gato. Pensou em seguí-lo. Diferença não faria. Ouviu vozes, mas não havia ninguém. Era sua mente que não lhe dava folga. Precisava pensar com clareza. Como sairia dali? Como encontraria seu caminho? Aproximou-se, enfim, do gato. Gato preto, mau presságio. Não era hora para pensamentos tolos. Sentiu frio. Não sabia para que lado ir. Que horas seriam? Em breve amanheceria. Estava com vestido de festa e um belo par de saltos, mas não lembrava de onde vinha. Devia estar maquiada, mas era como se acordasse de um longo sono. Ou seria sonho? O veto desalinhava seus cabelos. Não importava. Ela apenas queria estar segura, mas tudo lhe parecia tão assustador. E, então, lembrou. Mas preferia ter esquecido.

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